Porque cada dia tem o seu próprio fado ...

domingo, 14 de diciembre de 2008

lisboa menina e moça

Cidade mulher da minha vida...
No castelo, ponho um cotovelo
Em Alfama, descanso o olhar
E assim desfaz-se o novelo
De azul e mar
À ribeira encosto a cabeça
A almofada, na cama do Tejo
Com lençóis bordados à pressa
Na cambraia de um beijo
Lisboa menina e moça, menina
Da luz que meus olhos vêem tão pura
Teus seios são as colinas, varina
Pregão que me traz à porta, ternura
Cidade a ponto luz bordada
Toalha à beira mar estendida
Lisboa menina e moça, amada
Cidade mulher da minha vida
No terreiro eu passo por ti
Mas da graça eu vejo-te nua
Quando um pombo te olha, sorri
És mulher da rua
E no bairro mais alto do sonho
Ponho o fado que soube inventar
Aguardente de vida e medronho
Que me faz cantar
Lisboa menina e moça, menina
Da luz que meus olhos vêem tão pura
Teus seios são as colinas, varina
Pregão que me traz à porta, ternura
Cidade a ponto luz bordada
Toalha à beira mar estendida
Lisboa menina e moça, amada
Cidade mulher da minha vida
Lisboa no meu amor, deitada
Cidade por minhas mãos despida
Lisboa menina e moça, amada
Cidade mulher da minha vida
(Ary dos Santos/Paulo de Carvalho)

sábado, 13 de diciembre de 2008

rua do Capelaõ

Viver abraçada ao fado... Morrer abraçada a ti....
Ó rua do Capelão
Juncada de rosmaninho
Se o meu amor vier cedinho
Eu beijo as pedras do chão
Que ele pisar no caminho.
Há um degrau no meu leito,
Que é feito p'ra ti somente
Amor, mas sobe com jeito
Se o meu coração te sente
Fica-me aos saltos no peito.
Tenho o destino marcado
Desde a hora em que te vi
Ó meu cigano adorado
Viver abraçada ao fado
Morrer abraçada a ti.
(Frederico de Freitas / Julio Dantas)

viernes, 28 de noviembre de 2008

ah fadista!

"Ó gente da minha terra" a um metro de distância...muito obrigada, Mariza!
A quien le guste el fado le gustará Mariza y la habrá escuchado infinidad de veces. Pero ¿ quién ha visto y escuchado a Mariza en directo, en concierto, cara a cara?
Yo fui, junto con mi mujer, una de esas personas privilegiadas que estuvo en el Palau de la Música. Jamás sentí nada parecido. Mariza y su voz lo llenaron todo, iluminaron nuestros corazones haciéndolos vibrar de melancolía y alegría de vivir.
Durante más de dos horas horas nos llevó de viaje con ella, de la mano, un viaje por el alma.
Su aparición en el escenario fue sosegada, humilde, sin divismos, ella es el pueblo y sus orígenes así lo confirman. Me preocupó su extrema delgadez, pero con la primera canción disipó mis dudas y nos inyectó a todos su energía. Recuerdo sus caderas al son de ritmos mozambiqueños, ¡quién fuera rosa branca!. Nos dejó maravillados con Primavera, Meu fado meu y otras tantas. Pero el colofón lo puso con Ó gente da minha terra, sentada en el borde del escenario, donde nos rompió el corazón con su poderosa voz. Y qué potencia de voz, nos dejó sin palabras cuando nos regaló Zanguei-me com o meu amor, ¡sin micro!. Su sola voz bastaba para llenar todo el Palau. Me hizo desear más y más canciones, por nada del mundo quería que acabara aquella noche mágica,quería verla siempre así, bella, majestuosa, artista... No mueras nunca Mariza, no cambies nunca.


"É meu e vosso este fado
Destino que nos amarra
Por mais que seja negado
Às cordas de uma guitarra

Sempre que se ouve o gemido
De uma guitarra a cantar
Fica-se logo perdido
Com vontade de chorar

Ó gente da minha terra
Agora é que eu percebi
Esta tristeza que trago
Foi de vós que a recebi

E pareceria ternura
Se eu me deixasse embalar
Era maior a amargura
Menos triste o meu cantar

Ó gente da minha terra
Agora é que eu percebi
Esta tristeza que trago
Foi de vós que a recebi"

(Amália Rodrigues/Tiago Machado)


sábado, 15 de noviembre de 2008

chuva

E eis que ela bate no vidro...
As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudades
Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir
Há gente que fica na história
da história da gente
e outras de quem nem o nome
lembramos ouvir
São emoções que dão vida
à saudade que trago
Aquelas que tive contigo
e acabei por perder
Há dias que marcam a alma
e a vida da gente
e aquele em que tu me deixaste
não posso esquecer
A chuva molhava-me o rosto
Gelado e cansado
As ruas que a cidade tinha
Já eu percorrera
Ai... meu choro de moça perdida
gritava à cidade
que o fogo do amor sob chuva
há instantes morrera
A chuva ouviu e calou
meu segredo à cidade
E eis que ela bate no vidro
Trazendo a saudade
(Jorge Fernando)

viernes, 14 de noviembre de 2008

os velhos amantes

nasci em ti todos os dias...
Amor que grita, amor que cala
amor que ri, amor que chora
mil vezes eu peguei na mala
mil vezes tu te foste embora
E tanto barco a ir ao fundo
tornava o mar da nossa casa
em oceano de loucura
quando oscilava o nosso mundo
eu perdia o golpe de asa
e tu o gosto da aventura
Ai meu amor amargo doce e deslumbrante amor
amorà chuva, amor em sol maior
amor demais amor eterno
Conheço bem os teus desejos
e tu as minhas fantasias
morreste em mim todos os beijos
nasci em ti todos os dias
Se muita vez fomos traição
e muita vez mudou o vento
e muito gesto foi insulto
em tanta dor de mão-em-mão
nós aprendemos o talento
de envelhecer sem ser adultos
Ai meu amor amargo doce e deslumbrante amor
amor à chuva, amor em sol maior
amor demais amor eterno
Equanto mais o tempo passa
e quanto mais a vida flui
e quanto mais se perde a graça
do que tu foste e da que eufui
Mais a ternura nos aperta
mais a palavra fica certa
mais o amor toma lugar
envelhecemos mais depressa
mas nos teus olhos a promessa
vai-se cumprindo devagar
Ai meu amor amargo doce e deslumbrante amor
amorà chuva, amor em sol maior
amor demais amor eterno.

(Jacques Brel/Rosa Lobato Faria)

jueves, 23 de octubre de 2008

triste sorte

E em tudo o que nós morreu...
E ando da vida à procura
Duma noite menos escura
Que traga luar do céu.
Duma noite menos fria,
E em que não sinta a agonia
Dum dia a mais que morreu.
Vou cantando amargurado,
Mais um fado e outro fado
Que fale do fado meu.
Meu destino assim cantado
Jamais pode ser mudado
Porque do fado sou eu.
Ser fadista é triste sorte,
Que nos faz pensar na morte
E em tudo o que nós morreu.
E andar na vida à procura
Duma noite menos escura
Que traga luar do céu.
(João Ferreira Rosa)

viernes, 12 de septiembre de 2008

da vida quero os sinais

Flor da noite
Ó Deus do fado menor,
Que reinas dentro de mim,
Faz com que a taça da dor
Se encha de um vinho em flor,
Memate a sede do fim.
Da vida quero os sinais
De uma gaivota na areia,
O aroma dos laranjais,
E a morte em quedurar mais
O amor sem eira nem beira.
No espelho nu que me encante,
que fique um sopro de neve,
Que umaestrela se levante,
Quando este fado se cante.
E a terra me seja leve.
(Mário Cláudio/Joaquim Campos)

sábado, 6 de septiembre de 2008

fado azul

férias, mar, praia...

Fui bailar no meu batel

Além do mar cruel

E o mar bramindo

Diz que eu fui roubar

A luz sem par

Do teu olhar tão lindo

Vem saber se o mar terá razão

Vem cá ver bailar meu coração

Se eu bailar no meu batel

Não vou ao mar cruel

E nem lhe digo aonde eu fui cantar

Sorrir, bailar, viver, sonhar contigo

(F. de Brito/Ferrer Trindade)

lunes, 1 de septiembre de 2008

Maria Severa

A Severa, a primeira mulher que canta fado
Num beco da mouraria,
Onde a alegria
Do sol não vem
Morreu maria severa
Sabem quem era
Talvez ninguém
Uma voz sentida e quente
Que hoje à terra disse adeus
Voz sentida, mas ardente
Mas que vive eternamente
Dentro em nós e junto a deus
Além nos céus
Bem longe o luar
No azul tem mais luz
Eu vejo-a rezar
Aos pés de uma cruz
Guitarras trinai
Viradas ao céu
Fadistas chorai
Porque ela morreu
Caía a noite na viela
Quando o olhar dela
Deixou de olhar
Partiu p’ra sempre, vencida
Cantando a vida
Que a fez chorar
Deixa um filho idolatrado
Que outro afeto igual não tem
Chama-se ele o triste fado
Que vai ser desse enjeitado?
Se perdeu o maior bem:
O amor de mãe
Bem longe o luar

(José Galhardo/Raul Ferrão)

sábado, 30 de agosto de 2008

ah fadista!

Salimos de ese concierto con una especie de fuerza renovada. Jamás habíamos pensado en hacer nada parecido, pero, desde ese día fue gestándose en nuestra cabeza la idea de reflejar la vida, nuestra vida, tu vida, todas las vidas que alguna vez hayan querido expresarse y de qué mejor manera que el fado. Ese concierto fue el de Mísia, en el Grec. Esa noche su voz se quebró en más de una ocasión, el final de temporada y la emoción de cantar en la tierra de su madre le pasó factura. Pero una vez más solucionó el trance con profesionalidad y nos embargó a todos con su poderosa voz y su forma de hacernos reír. Y es ahí donde nos cautivó, del casi llanto a la risa en unos segundos, ¡increíble!. No era la primera vez que la veíamos en concierto, pero vimos un matiz diferente, una forma de ver la vida profunda, exprimiendo al máximo su sabor, el amargo y el dulce.
Grandiosa lección de Mísia esa noche y llama prendida para este blog que empieza. Y con las notas de "Lágrima" aún en nuestra cabeza, caminamos hacia casa cogidas de la mano...

"Cheia de penas me deito
E com mais penas me levanto
Já me ficou no meu peito
O jeito de te querer tanto
Tenho por meu desespero
Dentro de mim o castigo
Eu digo que não te quero
E de noite sonho contigo
Se considero que um dia hei-de morrer
No desespero que tenho de te não ver
Estendo o meu xaile no chão
E deixo-me adormecer
Se eu soubesse que morrendo
Tu me havias de chorar
Por uma lágrima tua
Que alegria me deixaria matar"
(Amália Rodrigues/Carlos Gonçalves)

miércoles, 27 de agosto de 2008

tudo isto é fado

todo esto existe, todo esto es triste, todo esto es fado...

Perguntaste-me outro dia

Se eu sabia o que era o fado
Disse-te que não sabia
Tu ficaste admirado
Sem saber o que dizia
Eu menti naquela hora
Disse-te que não sabia
Mas vou-te dizer agora

Almas vencidas
Noites perdidas
Sombras bizarras
Na Mouraria
Canta um rufia
Choram guitarras
Amor ciúme
Cinzas e lime
Dor e pecado
Tudo isto existe
Tudo isto é triste
Tudo isto é fado

Se queres ser o meu senhor
E teres-me sempre a teu lado
Nao me fales só de amor
Fala-me também do fado
E o fado é o meu castigo
Só nasceu pr'a me perder
O fado é tudo o que digo
Mais o que eu não sei dizer.
(F.Carvalho)